Grupo que matou sem-teto era formado por 3 homens com fuzil e pistolas
Grupo que matou 2 sem-teto e feriu outro era formado por 3 homens com fuzil e pistolas Três atiradores usaram um fuzil e duas pistolas de calibres diferentes e...

Grupo que matou 2 sem-teto e feriu outro era formado por 3 homens com fuzil e pistolas Três atiradores usaram um fuzil e duas pistolas de calibres diferentes em um ataque nas imediações do metrô de Irajá, na Zona Norte do Rio, na madrugada desta sexta-feira (17). Dois homens em situação de rua morreram no local, e um terceiro, de 38 anos, que tentou fugir, foi baleado e levado para o hospital em estado grave. O ataque aconteceu por volta das 4h, na Avenida Pastor Martin Luther King Júnior. As vítimas foram mortas enquanto dormiam embaixo de uma marquise. A polícia diz que os assassinos chegaram de carro, desceram, se aproximaram e fizeram vários disparos à queima-roupa. Foram tantos tiros que as cápsulas de bala ficaram espalhadas pelo chão. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça Sem-teto dormiam embaixo de marquise quando foram mortos Reprodução/TV Globo A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso e tenta identificar os criminosos, que fugiram depois de atirar. Durante a perícia, os agentes encontraram marcas de tiros em uma casa próxima — um dos disparos atravessou a janela e atingiu uma televisão, mas ninguém ficou ferido. Ainda não há informações sobre o que teria motivado o ataque. Os corpos dos dois homens mortos foram levados para o Instituto Médico-Legal (IML). Cápsulas de balas ficaram espalhadas pelo chão Reprodução/TV Globo Quem eram as vítimas Á esquerda, seu Etevaldo, conhecido como Bahia, um dos mortos em Irajá Batikum Afro/Divulgação Os homens mortos são Etevaldo Bispo dos Santos, de 52 anos, conhecido como Bahia, e Fábio Fernando da Silva, 44 anos, que ficou conhecido pelo apelido de Milharina. “São 2 coroas que já moram debaixo do metrô há muito tempo. Um andava com bengala, mal conseguia andar. O outro vendia verdura. Todo mundo da redondeza conhecia eles”, contou Érico Cerqueira, morador da região. A técnica de enfermagem Camila de Jesus Gomes, que passa diariamente pelo local, lamentou o crime. “Eles não mexiam com ninguém. Davam bom dia, boa tarde. Eram tranquilos. O que leva um ser humano a fazer isso? Muito triste, lamentável.” Fábio Fernando da Silva, 44 anos, foi morto no ataque Reprodução Vítima era percussionista Antes de viver em situação de rua, Bahia, também era percussionista em Salvador. No Rio, onde vivia há muitos anos, encontrou abrigo sob o viaduto da estação de metrô de Irajá. Mesmo com limitações de mobilidade causadas por AVCs, mantinha uma rotina marcada pela música e pela convivência com a comunidade. Homens são assassinados embaixo do metrô de Irajá Reprodução/TV Globo Ele participava das atividades do Batikum Afro, projeto social que promove oficinas de música afro-brasileira em comunidades da Zona Norte. “Ele cantava, participava e estava sempre com a gente. Tocávamos percussão, e ele lembrava muito de Salvador. Um dia, em 2023, apareceu do nada e começou a cantar junto. Criamos uma relação. Todo ensaio ele aparecia”, conta Luccas Xaxará, diretor do projeto. “Ele era o mais vulnerável ali. Aquele trecho nunca teve muitos moradores, só uns 6, mais ou menos. A comunidade conhecia. Tinha um barbeiro que cortava o cabelo dele, o pessoal dava alimentação. A gente oferecia café da manhã e interagia durante os ensaios”, relembra Luccas. Mesmo após perder parte dos movimentos, Bahia continuava a cantar. “Chegava, começava a cantar e animava todo mundo”, diz Luccas. Agora, o grupo busca formas de preservar sua memória. “Queremos garantir que ele não seja esquecido. Ele não tinha documentos, mas tinha história. Estamos atrás da família dele para que ele tenha um sepultamento digno”, afirma Luccas. Mapa mostra onde foi o ataque a tiros a sem-teto Infografia: Veronica Medeiros/g1 Cápsula de tiro disparado embaixo de viaduto em Irajá, no Rio Reprodução/ TV Globo