PM morto em Curicica era chamado de ‘Mercenário’ e virou réu por homicídio e fraude processual
Adelmo da Silva Guerini Fernandes Reprodução O 2º sargento da Polícia Militar Adelmo da Silva Guerini Fernandes, de 51 anos, também conhecido como Russo o...

Adelmo da Silva Guerini Fernandes Reprodução O 2º sargento da Polícia Militar Adelmo da Silva Guerini Fernandes, de 51 anos, também conhecido como Russo ou Magrelo, assassinado a tiros na tarde desta sexta-feira (16) na Comunidade Asa Branca, em Curicica, na Zona Sudoeste do Rio, era investigado por participar de uma milícia que atuava na Zona Sudoeste. O grupo era chamado pelos próprios integrantes de Mercenários. Adelmo também havia virado réu há 1 mês por um homicídio em Itaguaí, ocorrido em agosto de 2019. Na ocasião, ele e outros 7 PMs foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por envolvimento em execuções e fraude processual durante uma operação no Morro do Carvão. Segundo a denúncia aceita pela Justiça do RJ, os agentes, à época integrantes do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 24º BPM (Queimados), dispararam contra 2 homens em uma motocicleta, sem qualquer confronto, como forma de pressionar traficantes locais a pagar propina. Um dos alvos foi morto e o outro conseguiu fugir. Policial militar é morto a tiros na Barra da Tijuca Reprodução LEIA TAMBÉM: Quase todos os PMs dos ‘Mercenários’, grupo denunciado pelo MP, respondem a processos por crimes MPRJ prende 9 PMs suspeitos de corrupção; comandante de batalhão é alvo e foi afastado Cinco PMs são presos em operação do MPRJ contra a milícia que atua na Zona Oeste do Rio PMs investigados pelo MP tinham código próprio: ‘Corpinho no chão’, ‘café com açúcar' e saco de lixo na cabeça para ‘aumentar o papo’ Adelmo e os demais acusados já possuíam antecedentes por crimes graves, como organização criminosa, extorsão mediante sequestro e homicídio. Eles também figuram como réus na operação “Os Mercenários”, que investiga um grupo de PMs suspeito de matar criminosos que se recusavam a pagar propina, conforme revelado por mensagens obtidas pelo MP. No último mês, após o recebimento da denúncia, a Justiça determinou medidas cautelares contra os policiais, como a suspensão do porte de armas e o afastamento das atividades externas, restringindo-os a funções administrativas. Atualmente, o 2º sargento era lotado no 21º BPM (São João de Meriti). Nesta quinta, durante sua execução, ele estava de folga. Por nota, a Polícia Militar disse que Guerini respondia a 2 processos administrativos disciplinares, que tinham como objetivo avaliar sua permanência nos quadros da corporação. Ainda de acordo com a corporação, o PM estava lotado no 21º BPM (São João de Meriti) e, por determinação do comando da unidade, em cumprimento de decisão judicial, encontrava-se afastado das funções operacionais ligadas à atividade policial. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O assassinato do PM é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A principal linha de investigação é de execução. Ou seja, os criminosos foram ao local para matar o militar. Celular revelou esquema As investigações sobre os 'Mercenários' começaram depois da Operação Gogue Magogue, de julho de 2020, também contra policiais. Na ocasião, o MPRJ apreendeu o celular de Adelmo Guerini. “A partir dos dados extraídos do aparelho, verificou-se que policiais militares lotados no Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 24º BPM (Queimados) e na P2 do 21º BPM (São João de Meriti), valendo-se da função desempenhada nos batalhões, integraram organização criminosa para cometer os crimes citados”, afirma o MPRJ. Ou seja, o grupo de Guerine sequestrava criminosos mediante tortura e pagamento de resgate, vendia armas, vazava operações e fazia troia, uma espécie de tocaia para surpreender traficantes. Ainda de acordo com a promotoria, “quando o acerto não era realizado, os denunciados realizavam atos de violência, através de extorsões, torturas e homicídios, além de desviar parte ou a integralidade de materiais ilícitos apreendidos que, muitas vezes, sequer eram apresentados à autoridade policial”. PMs pediram R$ 1 milhão para soltar traficante De acordo com o MPRJ, no dia em que “Os Mercenários” e uma equipe de policiais civis não identificados prenderam o traficante Leonardo Serpa, Leo Marrinha, então chefe do tráfico do Pavão/Pavãozinho/Cantagalo, comunidades da Zona Sul do Rio, Guerini pediu propina de R$ 1 milhão para soltar o traficante. “Deu bom demais”, disse enviando uma mensagem contendo o número “1” seguido da imagem de um “milho”. Guerini relatou ainda que metade do valor ficou com sua equipe e a outra “metade pra PC”. Trecho de conversa entre investigados na Operação Mercenários sobre o R$ 1 milhão de extorsão Reprodução Veja os vídeos que estão em alta no g1